Queridos Irmãos Ayahuasqueiros de todas as congregações,

Venho através desta mensagem, comentar e responder a um texto escrito por um certo senhor chamado Lázaro Freire, que tem escrito artigos que particularmente considerei ofensivos, e por mais que contenha dados bioquímicos, são muito desinformados sobre o que é de fato a comunhão do Vegetal Sagrado. Escrevi esta réplica, que é minha opinião, e sei que não agradará a todos, mas quero trazer aos grupos ayahuasqueiros sérios o alerta para a importante tarefa que temos: a de trazer a público, através de textos embasados, sérios e inteligentes, informações que possam auxiliar os caminhantes da espiritualidade a se situarem melhor frente ao uso de um poderoso enteógeno como a Ayahuasca. Não é nada pessoal frente ao senhor Lázaro mesmo, minha resposta se destina a uma reflexão multilateral. Temos entre nós, grupos ayahuasqueiros, grandes diferenças doutrinárias sim. Mas isso não nos impede de expor um pouco nossa opinião frente a desvirtuamentos disfarçados de utilidade pública, como este que foi produzido por este senhor. Aqui, dou minha contribuição, e conclamo a outros a fazerem o mesmo, a limparem o caminho, e auxiliarem a criar um campo de conhecimento mais ampliado do uso do Vegetal. Mestre Gabriel e Mestre Irineu enfrentaram muitas dificuldades para estabelecer a posição que os grupos desfrutam hoje. Cabe a nós perpetuar a seriedade e o compromisso de servir a espiritualidade, buscando a verdade e retransmitindo o conhecimento no mais alto grau de pureza que pudermos. A parte de letras em negro é o artigo do senhor lázaro, e as letras em verde são meus comentários. Tenham paciência, pois os dois textos, o dele e o meu, são muito extensos, mas vale a pena uma lida atenta, pois o senhor lázaro levanta coisas boas e importantes (mesmo que ele não tenha essa dimensão), que nos proporciona a chance de falarmos profundamente sobre o tema. Discorri longamente sobre chaves de entendimento. Abraços a todos, e espero ter clareado pontos, mesmo que não todos.
Luz, Paz, Amor!

André.
Contato: orix75@hotmail.com




Comparações sobre chás de DMT (daime, ayahuasca, etc)Publicado em: 11 de setembro de 2006, 11:04:53 - Lido 953 vez(es)

É verdade que as chamadas "plantas de poder" acompanham a humanidade, podendo ser usadas - em contexto apropriado - para uma dissolução parcial do ego, favorecendo experiências de morte e renascimento através da percepção da realidade "além do cérebro".

Entretanto, por se tratar de um agente externo, é necessário cautela e preparo que poucos trabalhos tem, inclusive demandando apoio psicológico adequado. Não é por acaso que temos um ego e vivemos no mundo do "consciente".

Assim como o inconsciente não é "doença" como parecia a Freud; tampouco o ego ou mente são "inimigos" ou "enganadores", como querem certas tradições religiosas. É verdade que ela nos prende aqui, mas isso também tem um porque que transcende a este texto - ou, se preferir, também é "amor de Deus".

A questão é não se prender na neurose, como sabem alguns yogues e daimistas, mas tampouco negar a consciência vivendo em psicose, como talvez muitos precisem aprender. Neste sentido, a busca da iluminação e da consciência passa a ser um caminho pessoal de descoberta, que vem sempre de fora para dentro, e não o contrário.


Então como vemos, este texto introdutório, assim como os próximos parágrafos, parecerão de uma tolerância ímpar, e de um esclarecimento quase médico do assunto. Mas é, de fato, apenas mais uma opinião. Veremos mais adiante a intenção do autor se expor, num frenesi crescente de ataques e numa descompostura impressionantes.

O contexto apropriado é em si uma questão por si só. Temos o uso ritual de enteógenos em tribos embrenhadas pelas Américas, África, Ásia, mas não podemos negar o crescente uso por parte de grupos urbanos ou próximos da modernidade. O contexto, portanto, ainda é uma porta aberta, quer eticamente, quer sociologicamente. Por isso importa o estabelecimento de princípios espirituais, para além da utilização do chá. A transformação pelas quais as seitas enteogênicas vêm passando ainda é um processo que não se chegou a um denominador comum, de fato. Mas, independente disto, é mister que haja uma regulação mínima, que assegure o bom andamento dos trabalhos, a informação correta aos que querem conhecer uma alquimia sagrada como a Ayahuasca, o direito inalienável que cada um deve ter de conhecer os passos de um caminho espiritual para decidir, por si mesmo e em plenas faculdades sãs de consciência, se quer ou não se aprofundar neste caminho.

Realmente, até pela "recente descoberta" da ayahuasca por grupos afastados do uso vegetalista, aquele nas florestas e aldeias (mais de 4000 anos de uso pelos Incas), as bases de regulação ainda não estão definidas, e por isso mesmo é preciso um esforço coletivo dos grupos que querem desenvolver um trabalho sério com o Vegetal, no sentido de criar condições de firmar o uso religioso, agora num âmbito mais visível ao publico não-ayahuasqueiro (e por, legalmente, já termos conquistado o direito de fazer uso ritual do chá). E também um esforço para ampliar o esclarecimento sobre o uso correto e objetivos desta utilização, (como cada grupo vê e exerce o trabalho e doutrina, e como ensina o conhecimento espiritual e entroniza a utilização do chá em seus ritos- quantidades, objetivos, princípios). E, por conseguinte, é importante também levantar questionamentos sobre a distribuição de uma substância do porte da Ayahuasca, uma bebida extremamente forte, e que ainda muitos grupos carecem de saber mais sobre como utilizar tal poder.

Por certo, não é por acaso que temos um ego e vivemos num mundo consciente. Sobre isso só apelo ao ensinamento de grandes mestres: O ego deve ser dominado, ele deve estar a nosso serviço e não o contrário. Algumas pessoas apontam ainda para o fato da dissolução do ego, no processo de iluminação. E muitas vezes acho que isso é pouco compreendido. O Buda Sidarta, depois de atingir o despertar, continuou a ter contato com outras pessoas, e muitos dizem que havia, para isso, ego. Acredito que ocorreu a utilização de estruturas de comunicabilidade e de interação, mas isso não significa aquele sentido corrente que damos ao ego, ao egããão, que se envaidece e se lisonjeia e se afeta. Este, sim, havia desaparecido.

A consciência, quando evolui, se expande. Quem negar isso nega o cerne das principais escolas sobre esta terra. Então, essa forma subliminar de colocar nas pessoas medos tenebrosos do inconsciente é também uma forma velada de inibição da expansão da consciência. Não estou aqui me referindo ao uso de plantas de poder, mas a certas táticas de dominância de mentes que, por temerem, não dão nenhum passo no sentido de re-conhecer outras nuances de realidade, de percepção do que chamamos "mundo consciente". Por conta disso grande parte de nossa humanidade passa a vida trabalhando e estudando e se casando e mantendo estruturas, mas ao final, não sabe a que veio. Assim passam a ver o mundo com o foco na racionalidade, forçando a diminuição de nossa capacidade natural de conceber a existência de planos sutis através da intuição. Esse processo opressivo e maciço de imposição de "uma" realidade é de certo modo, discutido na boa psicologia, mas bem esclarecido por Jane Roberts, quando fala da descoberta do inconsciente, e por Dom Juan Matus, Xamã Tolteca, quando fala sobre o processo de nos tornarmos "sócios" de uma visão específica, quando passamos da infância à vida adulta, aceitando os pressupostos do mundo como é visto pela maioria.

O intuitivo, na grande maioria das vezes, é superior ao racional. Ele pode conter todo o racional, e ainda ser maior do que este. Podemos traduzir a intuição para filtros racionais, mas estes só são capazes de explicar parte das coisas, uma pequena parte. Assim como, até a própria física moderna corrobora, nosso mundo "real" ainda é uma incógnita (vide colisor de hádrons - LHC). Portanto, nosso mundo consciente, o que chamamos de coisas que estão disponíveis através de formas reconhecíveis na consciência, são, já se sabe pela mais fina ciência (e pelos mais antigos filósofos - vide Platão), só a ponta do iceberg. Para não me ater aos enteógenos, a cinqüenta anos atrás, falar em projeciologia seria, para o grande público, motivo de riso e piada. Hoje, já muitos aceitam o tema como parte de nosso campo sutil, coisas que não vemos com os olhos físicos, mas, mesmo assim, estão, em alguma freqüência de energia.

Eu não conheço trabalhos com ayahuasca que neguem a consciência, mas se o fazem, a meu ver, erram. A consciência em desenvolvimento é o autoconhecimento em ação. E como já dizia o oráculo de delfos: "Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás os deuses e o universo", um princípio hermético, como sabem. Com ou sem a ingestão de qualquer substância, a verdadeira evolução espiritual se dará com o aprendiz seguindo a prática correta, a prática do bem, da compaixão, do amor. Jesus revelou isso, Krishna, através de Bhakti, também, Buda, através da plenitude compassiva, também. Se ocorrer a evolução, será sempre de dentro para fora. Nos textos sagrados sobre a iluminação do Buda, diz-se que "a iluminação brotou, primeiro, em seu coração". As coisas externas podem, no máximo, servirem de luzeiro, apontando o caminho. Ninguém, nenhum mestre ou chá pode percorrer o caminho de outrem, só cada um pode trilhar o caminho, mesmo que receba ajuda. No caso da Ayahuasca, poderei explicar melhor a seguir, mostrando um pouco sobre como a Luz dela nos auxilia a enxergar o caminho, caminho esse que temos de trilhar a todo tempo.


Embora compreenda que em certas circunstâncias possa ser um facilitador para algumas pessoas, não recomendaria o uso de chás sem um preparo espiritual ou psicológico, sem um estado prévio de meditação e purificação, e menos ainda como um vício repetitivo.

Plantas de poder não são "atalhos" para a meditação. Pensar que a "espiritualidade" é uma mera ingestão de substância, é assumí-la como "iluminação fast-food".

Certos coordenadores de trabalhos não parecem ter o equilíbrio e conhecimento suficiente. Um "padrinho" bastante conhecido alega, tentando descaracterizar o inegável efeito alucinógeno da planta e jogar a causa do transe unicamente para o espiritual, que "não conseguiram provar o que o daime provoca no cérebro, nem como atua".

Não é verdade, mas ainda assim, sabemos hoje que a meditação provoca alterações progressivas na parte frontal do cérebro (vide artigo cientifico publicado na Viver Mente e Cérebro em
http://www2.uol.com.br/vivermente/conteudo/materia/materia_35.html ), logo, a afirmação do líder equivaleria a dizer "a substância afeta os neurotransmissores de modo desconhecido e violento".

É verdade irmãos. A ayahuasca pode facilitar o aprofundamento de campos perceptivos e divinatórios sutis, da intuição. Em certas condições. Uma das mais importantes está no nível das intenções, da freqüência dos pensamentos, da pureza de coração. Se dirigentes ou adeptos não estiverem procurando este grau de comprometimento, de retidão, então, talvez, se assustem com as conseqüências. Como eu mesmo já disse, a ayahuasca não é aguinha com açúcar, mas sim, um poderoso ativador de códigos sutis. Ha a parte física, que deve também ser estudada, mas não explica outros níveis de interação. Falarei mais adiante. Dizer que deve haver um preparo espiritual e psicológico faz certo sentido sim, mas quem está se achando na posição de poder julgar isso? Quem está apto ou não... Muitas vezes essa questão engloba aspectos delicados, que não têm haver apenas com as pré-disposições bioquímicas.

Andou-se falando muito no caso do falecimento de um rapaz num trabalho de daime. Que isto sirva de lição aos dirigentes, pois a quantidade de chá servida, o uso correto, o objetivo e o princípio devem estar muito bem alinhados e claros (e sabemos que trabalhos como o deste senhor Gideon, não é de hoje, suscitam acaloradas discussões sobre a ética. O centro no qual ocorreu esta fatalidade era ligado a ele. Este senhor, que acusa os outros de comércio do Vegetal, é um dos que mais o comercializa, dando cursinhos de Mestre e Padrinho, como se isso fosse possível... Esse tipo de absurdo só pode vir de uma pessoa que não bebe a Ayahuasca. Com sabem, o senhor Gideon não costuma beber Ayahuasca, e é melhor assim mesmo, porque com ela não se brinca. Quem erra nesse caminho, acarreta sérios karmas, vide exemplo de outros “mestres” que cometeram erros graves, e pagaram um alto preço... me ocorre na memória um destes, de Uberlândia...).

MAS, certamente não é uma comissão psiquiátrica que pode definir unilateralmente quem pode ou não ter acesso ao Vegetal. Parece-me que os dirigentes é que devem decidir isso, junto com cada pessoa, sendo responsáveis, explicando o que pode advir de uma experiência forte como a provocada pelo contato direto com uma substância como a ayahuasca. E, é fato que muitos dirigentes ainda precisam avançar sua própria capacidade de reconhecer suas limitações, e de ampliar a margem de segurança.

Nua e cruamente sabemos que uma pessoa rezando uma missa também pode morrer de um ataque fulminante. Um teto de igreja evangélica desaba matando quase uma centena de pessoas, e tudo é página virada uma semana depois. Mas no caso do vegetal, o suposto agravante é o da ingestão do chá. Temos sim que tomar como lição o exemplo de quanto devemos ser responsáveis e cuidadosos, mas não subservientes a uma opinião estritamente materialista, pois esse tipo de opinião não é capaz de possuir sozinha a base de decisão.

Eu particularmente acho que pessoas com problemas cardíacos graves, terminais, bipolares, esquizofrênicos, e crianças em princípio não devem beber vegetal. Mas mesmo estes casos devem ser analisados, pois eu pessoalmente conheci pessoas que sofriam de grandes males, físicos ou mentais, e que melhoraram muito após a freqüência de utilização do chá. Muitas pessoas dizem que tem exemplos de casos de pessoas que tiveram sérios problemas com o chá, e de outra ponta, podemos citar N casos de pessoas que se curaram ou tiveram abrandadas as conseqüências destes males, por conta do uso correto do chá. Muitos dizem que se curaram com Tamiflu, com diazepan, com aspirinas, e muitos dizem que isso quase os matou (leiam as bulas e ficarão surpresos com as possíveis conseqüências de ingestão, até mesmo de água, em excesso). Quem está certo?

Acho que a questão é maior do que esse tipo de birra, de quem quer ter mais razão. Devemos refletir sobre isso com isenção, devemos, nós ayahuasqueiros, cientistas, filósofos, políticos, sermos irmãos, amigos, sem se engalfinhar, procurando o melhor para todos, sem preconceitos baratos, sem “eu sou o único dono da verdade e da razão", pois todos nós temos onde melhorar. Devemos nos firmar no que acreditamos ser certo e nos fazer respeitar sim, mas temos que estar abertos a ouvir, a procurar o melhor para nós, para os dirigentes e discípulos e para todos mesmo, ayahuasqueiros ou não! Cada grupo deve assumir a responsabilidade do que faz. E se não assumirmos aqui, podem estar certos que em algum ponto de nossa jornada a prestação de contas nos aguarda. Mas tem uma coisa, tolerância para quem age de má fé e fala para ferir, para agredir, tem limites.

Agora, falar em vegetal como vício repetitivo é desconhecer que o CONAD estudou os princípios ativos da ayahuasca por 18 anos, com uma equipe multidisciplinar que continha médicos e psicólogos, alem de membros dos grupos ayahuasqueiros, e que justamente por não haver prova de dependência, este foi um dos grandes fatores na liberação do uso ritual. A União do Vegetal, inclusive, ganhou processo referente ao uso da Ayahuasca em seus centros, na Suprema Corte dos Estados Unidos da América, um dos países contrários ao uso, mas que não teve como deixar de ver certos aspectos benéficos escancarados. E tampe os olhos a isso quem tem medo de ver isso, e, claro, quem não tem mesmo preparo suficiente pra ter contato com a ayahuasca.

Dependência psicológica? Ora, mas se formos nos ater apenas a isso, vamos também proibir o chocolate ou o café. O que acham? A comissão averiguou que o chá não causa dependência química, inclusive as substâncias ativas do chá, nós as temos em mínimas quantidades em nosso próprio corpo. Vejam vocês que coisas como o cigarro, que causam milhares de mortes, que comprovadamente faz um imenso mal, que mata mesmo, até os fumantes passivos, a maioria das pessoas acha que "tudo bem". Agora, uma coisa como a ayahuasca, que mexe com padrões de consciência, incomoda muita gente, mesmo que não cause dependência. Incomoda, sobretudo aos borra-botas. Quem vai a um trabalho de vegetal vai, deve ser assim, porque quer. Se alguém não quiser, não vá. Isso não nos exime, ayahuasqueiros, de dar o melhor suporte possível a quem for.

Outro ponto importante levantado: Quem acha que a ingestão de substancias é a tábua de salvação, um atalho espiritual, não entendeu o que é de fato. Eu mesmo, em começo de caminho, ouvi muito essa conversa, que o vegetal é um atalho espiritual que economiza ao adepto anos de meditação. Minha visão é de que isso é incorreto. Primeiro, acredito que atalho espiritual simplesmente não existe. Gente, isso não existe mesmo. Nem chá, nem mantras, nem nada pode nos fazer avançar no caminho, a não ser o nosso próprio avanço interior. O que existe sim são veículos, veículos auxiliares. Para uns, é a meditação búdica, para outros, as práticas vaishnavas ou shivaítas, para outros o xamanismo, para outros é o caminho do Cristo, para outros a ayahuasca. Cada uma dessas coisas vem para nos conduzir ao caminho (que ao final, se convergem no mesmo caminho, o da Luz).

Uma vez perguntaram ao Dalai-Lama se ele achava que o budismo era a religião do futuro, se todos deveriam se converter, e ele disse que... Não! Ele explicou que nosso planeta recebe muitos tipos de seres, em diferentes níveis de compreensão do caminho e de acúmulo de frutos e de energia. Portanto, as vias são, por isso mesmo, muitas. Ele disse que o budismo é um excelente caminho, mas que é possível chegar ao nirvana por outras vias. Então, partindo do pressuposto de que cada coisa certa a cada um que precise, ninguém vivencia atalhos, mas sim, pode encontrar e trilhar o "seu" caminho. Tem muita gente que bebe vegetal, e por não aplicar em si mesmo os grandes princípios espirituais continuam a mesma mula, a mesma besta quadrada de sempre. Ai a pessoa se acha num pedestal de sabedoria, os supostos cristãos aí colocam o dedo no nariz dos outros, cobrando o cumprimento de mandamentos que eles mesmos se recusam a cumprir, os supostos budistas se acham evoluidíssimos com suas bocas falando um ensinamento que não praticam, os supostos ayahuasqueiros entregando o vegetal sagrado a quem não devem, dando grau espiritual a quem não tem, esquecendo-se de que agente bebe vegetal cerca de duas vezes por mês, mas devemos ser íntegros todos os dias, os nova-era, que não sabem se são teosóficos ou logosóficos ou... numa disputa de que mestre é maior do que quem, que Buda está num raio tal mas que Jesus está num raio mais alto e krishna está num... Falam, falam e não praticam. E assim, vira esse jogo de empurra.

Tive a oportunidade de conhecer um importante lama tibetano, chamado Patrul Rimpoche, e em seus ensinamentos ele nos disse que não adianta também passar 25 anos fazendo meditação, se não se sai do lugar, internamente. A compaixão é uma força ativa, que se projeta. Nem mesmo meditar uma vida inteira garante a evolução. Nada garante a evolução a não ser a decisão e a prática do ensinamento superior. A ayahuasca catalisa, para um grupo de pessoas, não para todas as pessoas. Mas para aqueles que entram nas linhagens superiores do Vegetal, o caminho se abre, sim, queiram os críticos ou não.

Então o autor do artigo diz que certos dirigentes não têm preparo ou equilíbrio e conhecimento suficientes. Isto é verdade. Mas há padres que também não o tem, pastores e monges que não o tem, estudantes de centros espirituais que não o tem, até médicos psiquiatras, psicólogos, terapeutas, advogados e presidentes que não o tem. Há presidentes que mandam invadir países e matam milhares de pessoas, mas, como são presidentes... Estou comparando, mas não nos eximindo!

Eu já disse e repito, acho que os dirigentes de trabalhos com o Vegetal têm que melhorar seus conhecimentos, aprimorar seus princípios sempre, revendo, a todo instante, se estão na direção correta. Se não estiverem, devem a todo custo corrigir o curso das coisas. Se não for possível, pare de servir a ayahuasca, se não estiver seguro do que faz. Mas existe muita gente que tem o preparo necessário. E o bem que estes causam gera uma onda que irradia profundamente no coração desta nossa humanidade, e que se conecta com os mais finos princípios, que geram Luz, Paz e Amor legítimos, que, mesmo que em silêncio, contribuem para o florescer de nossa evolução e clareiam o caminho do despertar.

O autor do artigo tem razão em dizer que existem pesquisas avançadas que mostram já graaande parte da atuação química do Vegetal no corpo humano, e todo dirigente responsável deveria conhecer mais sobre isto. MAS, o que os materialistas e céticos de plantão não sabem (pois se soubessem mesmo tomariam cuidado com o que falam, com a certeza que falam) é que a Ayahuasca tem mais aspectos, que estão em freqüências de energia, que não poderão ser medidas por um aparelho, nem vistas pelo olho. Sei que isto parece uma contra-argumentação fantasiosa para os mais duros de coração, mas a estes apelo ao bom senso, pelo menos: quantas coisas nossa humanidade levou séculos para aceitar ou compreender? Quantas? Ainda mais as que estão em planos mágicos, sutis. E esses aspectos, TODOS os dirigentes deveriam estudar profundamente. Eles é que podem fazer isso de direito. O conhecimento não se revela a qualquer um, mesmo que beba ayahuasca.

É como na Índia os brâmanes lidavam com o SOMA, sua bebida sacramental. Alguns reis quiseram provar o SOMA, e os brâmanes davam o líquido, mas estes tinham um torpor, ou sensações básicas de ampliação de consciência, mas não sabiam que não estavam experimentando o verdadeiro soma. A bebida era a mesma, mas só quando dada aos verdadeiros discípulos era ativada. O brâmane falava certas palavras mágicas, e isto completava o rito, e aí sim, a bebida se tornava o soma verdadeiro. E quem a bebia recebia o que devia receber. Então digo que a ciência já comprovou muito da atuação física, mas há muito o que avançar para a compreensão maior do que realmente o Vegetal faz, e de certo não haverá prova intelectiva disto, pois o conhecimento final do potencial de Luz do Vegetal não é racional, nem químico, por mais que estas áreas estejam envolvidas.


Felizmente, há coordenadores que compreendem a clara relação entre o daime e outras drogas. O diferencial, neste caso, dá-se principalmente pela egrégora, pela intenção de uso, e pela própria natureza do transe, mais estruturador do que dissociativo.

Embora também seja uma droga psicotrópica, que como tal possui contra-indicações especialmente de ordem psíquica, a favor da aihuasca poderia alegar-se ser natural, ser liberada para uso desde que em contexto controlado e espiritual, não alimentar o crime e o narcotráfico, ser usada visando o conhecimento e não a fuga, não ter efeitos colaterais orgânicos perceptíveis (exceção feita, talvez, a estruturas psíquicas), não gerar abstinência ou vício perceptível e ter seus rituais conduzidos e assistidos.

Além do mais, no último congresso do sindicato de psicanálise de São Paulo, em Outubro de 2007, grupos multidisciplinares de apoio a usuários de drogas destacaram que embora não haja diferenças classificatórias significativas entre maconha e ayahuasca, o uso da primeira dá um significante de "drogado", "marginal" ao sujeito, que inconscientemente visa subverter a ordem da sociedade, e, em última análise, a dos pais.

Psicanaliticamente falando, ainda que ambas sejam naturais, o usuário de drogas não ignora sua aversão a valores morais e patrocínio do crime organizado; e, pelo mesmo raciocínio, um usuário que busque alucinógenos lícitos unicamente com intenção de auto-conhecimento buscando a Deus tem outras variáveis psíquicas associadas.

Então, apesar da insistência deste senhor em colocar a ayahuasca na mesma categoria que outras substâncias, sabemos que é um esforço tendencioso e infrutífero. A ayahuasca possui sim princípios ativos que são, realmente, psicoativos. Ele diz que se poderia alegar certas coisas a favor do vegetal, e lhe digo que não se poderia, mas PODE-se, mesmo alegar tudo isso e muito mais, que vou explicar agora. Sobre ser natural, a maconha também, é, é uma planta.

MAS, a maconha causa dependência, o que não é o caso do Vegetal. A maconha é normalmente utilizada para fins de baixíssima vibração, o que não é o caso do Vegetal. A maconha realmente está poluída, em termos até energéticos, por uma egrégora de milhares de pessoas que a usam com estes fins, e que (e você fala como se isso fosse uma coisinha de nada, mas é muito sério), alimenta um mundo de crimes, de mentiras, de dor e de sofrimento. Querer comparar isso com o Vegetal chega a ser infantil. Se não causa dependência, se não causa efeitos colaterais visíveis (palavras suas), se o uso é destinado ao autoconhecimento religioso de fato, se o contexto é por isso mesmo mais controlado, se não gera abstinência, se não é ilegal, se causa a muitos e muitos um imenso benefício de fato, então a insistência em comparar é, pra ser educado e polido em minhas palavras, ridículo. É burrice. Então se alguém acha que não há diferença classificatória entre o Vegetal e a maconha, talvez fosse o caso de rever a classificação.

Acho que muitos psiquiatras precisam mesmo é de uma dose do próprio remedinho, a psiquiatria. As pessoas são muito tendenciosas e brandas quando convém, quando querem parecer que mesmo fazendo algo que não está certo, estão certas, certíssimas! Gente mas será que não são óbvias essas coisas que estou escrevendo aqui? Cadê o bom senso gente? Cadê o interesse no bem comum? No respeito à opinião do outro, no respeito às crenças do outro? Agente respeitar não significa concordar, mas também não significa achincalhar, ainda mais quando pessoas se pretendem autoridades e não tem a menor noção do que falam, falam pela boca certamente o que lhes vem não da cabeça, mas talvez de outra parte menos nobre! Desculpem... Acho que me irritei e incorri no erro que descrevi (risos). Vou tentar melhorar adiante.


Entretanto, independente dos critérios de cada sociedade para proibir algumas e liberar outras, a natureza das plantas de poder permanece a mesma: o estado se dá por via externa, com neurotransmissores envolvidos, e por natureza não respeitando as defesas e limites que a psique do usuário construiu, saudável ou neuroticamente, para conhecer-se no tempo adequado. Romper as barreiras do inconsciente implica em encontrar o que deixamos por lá, e nem sempre é possível "vencer Satã só com orações". Parafraseando Jung, "qualquer árvore cuja copa almeje tocar os céus precisará ter raízes tão profundas que cheguem aos infernos".

E nem sempre é possível vencer satã só com psiquiatria meu caro! Mas é muito peito algumas ciências se pretenderem donas do mapa da consciência e dos processos todos envolvidos. Olha o medão do inconsciente aííí, gente!!! Dá enredo de escola de samba.
Não dá para esta discussão ser levada adiante sem falar nos critérios para liberar umas e não outras, pois isso deixa de lado uma coisa importantíssima, que é o momento certo pra cada coisa acontecer na nossa humanidade. É muito conveniente deixar este assunto “independente”.

Muitas vezes se alega um conhecimento “certo” vide uma experimentação. Dizem que algumas ciências já sabem tudo porque foram “experimentadas” E qual ciência hoje pode-se dizer dona de si, de um conceito final sobre a natureza e a realidade? A física? A matemática? A medicina?). Mas não temos inúmeros exemplos em nossa história de que estamos ainda num processo contínuo de conhecer? A lobotomia a certa altura de nossa história era experimentada, diziam que era ótima, funcionava muito bem... A fogueira para Giordano bruno também funcionou muito bem... Os critérios que levaram, neste tempo, a liberação do uso da Ayahuasca importam sim, senhor Lázaro. Estude-os! E se os anais do CONAD não o convencerem, estude as palavras de Petrovna Blavatsky sobre a quinta raça.

Certamente chegar a Deus - ou voltar a ele - parece uma experiência interessante, mas, sabendo que depois dela precisaremos viver aqui, é razoável avaliar a possibilidade dos riscos psíquicos com os quais se pagam um prazer temporário; e, principalmente, lembrar que a profundeza dos infernos pessoais varia bastante, bem como o tempo em que cada um permanece ali depois de encontrá-lo.

Esse parágrafo acima me fez rir, mesmo! ”Chegar a Deus parece uma experiência interessante”? Fica difícil até dizer alguma coisa. Eu vou, pra facilitar, traduzir o psiquiatrês do que está dito acima: “Olha, pessoal, como é perigoso descobrir-se a si mesmo, como o conhecimento é perigoso, vamos continuar na nossa mediocridade, sendo a mesma coisa insossa de sempre, e perpetuando esse estilo de vida de nossa sociedade que está dando muuuito certo, e vamos deixar todas as nossas imperfeições naquela gavetinha escondidinha, e vamos também deixar toda a beleza da plenitude do nosso ser, também na mesma gavetinha, porque mexer nisso é perigoso, viu? Se você, mesmo assim não conseguir calar esse ímpeto de ser na plenitude, procure um psiquiatra”.

Usei senhor lázaro, a mesma cordialidade que usou em trechos que vem mais adiante, a ironia não é boa quando apontada pra nós, não é? Acho que pouco se compreende que viver aqui é maravilhoso, viver aqui é estar com Deus. Quem usa o Vegetal não está querendo fugir daqui, mas sim, fica mais consciente do que é estar aqui. Pagar para um “prazer temporário”? Mas não é o senhor mesmo dizendo que o contato com a ayahuasca é horrível? O senhor mesmo se contradiz. Mas para mim é um prazer, atemporal, seguir os passos do caminho da espiritualidade. E isso, não tem preço, senhor Lázaro.

Por fim, o princípio ativo do DMT assemelha-se, em termos de neurotransmissores, a de um potentíssimo anti-depressivo (serotonina), envolvendo alguns estados alucinatórios (dopamina). Sabidamente, qualquer estado de elevação do humor além da normalidade tem sua contrapartida depressiva, explicando assim as "viagens" interiores, mais silenciosas, reflexivas e voltadas à avaliação do passado, que também ocorrem - em geral de forma positiva, segundo os usuários, mas, registre-se, com alguns casos desestruturadores, na visão psicanalítica.

Ainda que haja diferenças na intenção e egrégora, e outras nuances envolvidas que parecem transcender a neuroquímica do corpo biológico, a dúvida sobre ser ou não alucinógeno, psicotrópico ou "enteógeno" (eufemismo recente para alucinógenos usados em contexto espiritual) pode ser decidido facilmente pela observação prática. Definindo a questão dos estados via substância, todas tem uma estrutura comum.

Esta contrapartida depressiva de que se falou, em todos os anos que trabalho na espiritualidade frente ao vegetal, se mostra um pouco equivocada. Muitos ficam introspectivos sim, e isso faz parte da vida, não só de uma sessão espiritual. As pessoas não ficam o tempo inteiro alegres e maravilhadas e rindo e gargalhando todo dia e toda hora, bebendo vegetal ou não, senhor Lázaro. Agente às vezes tem que refletir sobre o que faz, sobre o que é, principalmente quando não gostamos do que vemos. E o que seria melhor pra pessoa? Estar num grupo em direção a melhorar-se a si mesmo? AAAAH! Talvez não, talvez seja melhor mesmo pagar uma consulta e tomar um comprimido, claro, como ele mesmo diz, do ponto de vista psicanalítico. E se os próprios usuários relatam uma experiência positiva, se nossas famílias vêem e corroboram isso, nosso amigos, nossos irmãos...

E quem é que deveria falar melhor sobre isso senão os usuários? Pois não vemos todo usuário de drogas ilícitas relatando o que lhes acontece, como suas vida se tornam lixo, e no caso do Vegetal vemos o contrário, o exato oposto?! As pessoas buscando melhorar, buscando limpar suas relações com os outros! Quem pode falar com mais proficiência sobre isso? Os psiquiatras? Faz-me rir.

E a palavra enteógeno não é um eufemismo, senhor Lázaro. Ou então vamos considerar asía como um eufemismo para poesia (risos). A palavra enteógeno explica a diferença, em termos bem básicos. O senhor não é obrigado a aceitar a explicação, mas não confunda a cabeça de quem acha que o que o senhor fala é absolutamente verdade, porque não é. Quem lê filosofia muitas vezes esquece-se de filosofar, de amar a sabedoria limpa, e acha que só você leu. Mas tem muita gente que lê... Sabe qual a impressão que estou tendo? Que essa pessoa, SE provou a ayahuasca, deve ter levado uma peia daquelas eeuheuheuehueheuhueehueeu! Vai ver, foi isso!

Muito bem. Adiante ele fala sobre o álcool e a cocaína, coisas que nem vou me dar ao trabalho de comentar. E aí vem a parte mais intrigante, a que ele fala de “chás com DMT”. O senhor lázaro elaborou um textinho, em primeira pessoa, relatando o que é entrar no caminho do vegetal, para ele. Só lhe digo que se isso for embasado na sua experiência pessoal com a Ayahuasca, é melhor o senhor realmente não ir de novo não, porque está totalmente fora do aceitável aos discípulos verdadeiros deste caminho.

CHÁS "NATURAIS" COM DMT:
Eu estou de cara limpa, sou medíocre espiritualmente, não tenho visões ou insights, não saí do corpo como os que tem disciplina, não senti fusões como relatam os da "demorada" meditação. Aí eu tomo um certo chá com alcalóides potentes (a harmalina, no cipó, e a dimetiltriptamina, nosso conhecido DMT).


Para começar, quem bebe ayahuasca continua de cara limpa, e ainda limpa o coração. Algumas pessoas, mesmo que se considerem medíocres espiritualmente contém a centelha divina, basta despertar a memória, o reconhecimento disto. Nem sempre quem sai do corpo tem disciplina, e se alguém acha que a meditação é demorada é porque sequer entende a magnitude da meditação. Então, espero que este texto não seja auto-biográfico, senhor Lázaro, pois se for, já começa muito mal. Se uma pessoa progride no caminho do “chá de alcalóides potentes”, passa a reconhecer o mérito da busca de outros, onde quer que estejam, em que veículo estejam. Por que cria-se a esperança de que todos possam evoluir, através dos insondáveis mistérios da espiritualidade.

A substância atua em meu corpo e em meu cérebro, e (só) então eu percebo "Deus", tenho (algum tipo de) visões, e enxergo (encaro?) minhas sombras psíquicas no "astral", me fazendo (enfim) eu me sentir "O" paranormal. Pelo menos ali, igual (em minha avaliçaão) àqueles "certinhos" espiritualistas, yoges, clarividentes e projetores "metidos a bonzinhos" que perdem tanto tempo meditando, orando e perdendo tempo tentando se tornar melhor como pessoas...

A substância atua em nosso corpo, em nosso cérebro, e, UPS, o senhor esqueceu-se de mencionar: em nosso campo áurico e em nossos conectores de energia. Mas é claro, uma pessoa como o senhor não poderia acrescentar isto, pois desconhece completamente o funcionamento. Para se perceber Deus, não é preciso chá algum, como já disse. Mas a Ayahuasca nos permite romper bloqueios de racionalidade, nódulos energéticos, teias de conceitos pré-concebidos, e isto auxilia sim a ter um campo mais aberto de percepção. Assim, percebemos a natureza mais intrínseca das coisas e de nós mesmos, e um fluxo de energia pulsante, advinda de uma fonte, que se quiser chamar de Deus, tudo certo, obrigado! Visões? Temos sim. O desenvolvimento da vidência em trabalhos que atuam em nossos campos mais sutis é um presente do cosmo. A vidência é um componente importante do trajeto, e que pode ser implementada, dentro e fora das sessões, dependendo da pureza da pessoa.

Mas mesmo as visões não são para qualquer bico, tem muita gente, eu mesmo já vi, que bebe o vegetal e não vê absolutamente nada. As visões, quando surgem, possuem em si uma simbologia que transmite certos graus de ensinamento. Não são apenas devaneios perdidos, normalmente as visões tem muito haver com aquela pessoa, com seu estado geral, com seus problemas pessoais. Ai também tem gente que acaba vendo o que não quer, porque não quer mesmo ver o estado em que se encontra, por trás de todas as máscaras, por trás de toda a boa educação. Ai dizem que estão sendo amedrontados por sombras no astral... Se alguém se sente “O” paranormal com estas experiências, ou é por ser imaturo e não compreender que sempre há gente pior e gente melhor do que agente, e que esse tipo de poder não pertence a nós, mas que podemos acessá-lo, ou é por pura arrogância e vaidade, e assim, mesmo que a pessoa beba mil litros de chá, não progredirá na senda enquanto não se corrigir. Inclusive o final do parágrafo já revela que esta pessoa imaginada é uma pessoa de opiniões distorcidas, com ou sem chá.

Esse textinho é intrigantemente podre, pois percebemos o desrespeito imperativo do autor não só para com os ayahuasqueiros, mas para com todos. Este texto chama as pessoas de burras mesmo, como se todas fossem incapazes de decidir por si, através da própria opinião.

Ao contrário da bebida e da cocaina, as consequências aqui nem esperam o "depois". Muita gente "des-bebe" ali mesmo (esses eufemismos), outros "colocam para fora" as suas "peias" (esses eufemismos). Em português claro, há um um cenário não tão comum nos centros de meditação lerda do Tibet, com os "iluminados" se borrando e vomitando sem parar - e ainda acreditando que isso é uma metáfora de purificação, surdos ao óbvio recado de rejeição que todos os organismos sempre dão em relação ao que lhes faz (muito) mal.

Existem aspectos vários a respeito do “des-beber” o Vegetal. As pessoas vomitam sim nas sessões, mesmo os Mestres e Conselheiros as vezes tem que passar por isso. Primeiro, o gosto do Vegetal é forte e amargo, e nem todos conseguem bebê-lo, até por coisas muito práticas, como o cheiro e gosto fortes. É amargo porque tem que ser mesmo! Isso não é suquinho de abacaxi, mas uma alquimia divina que sinaliza o intento de contato profundo com campos sutis. A pessoa, toda vez que for beber, deve saber que está dando este sinal, e assim, cruzam um portal iniciático.

Sabe senhor Lázaro, chá de boldo também é amargo e faz as pessoas vomitarem. Nem todos suportam bebê-lo e desbebem-no rapidamente. Incrivelmente ele é medicinal, e faz muito bem se administrado corretamente. Sobre a meditação lerda do Tibete heuheuheu Não temos culpa do senhor não ser assim um escritor ficcional primoroso, revelando a idiotice de sua personagem amarga e inculta. Se por um acaso o senhor está querendo insinuar que essa é a postura de Ayahuasqueiros, bem, só posso dizer que talvez o senhor tenha conhecido ayahuasqueiros burros. Pessoas de meu grupo chegaram a ter contato direto com o Dalai-Lama e outros Rimpoches, recebendo até algumas iniciações, porque nossa linhagem, a do Vegetal, nos permite buscar a Luz onde ela está. Pessoas que tomam remédios para quimioterapia costumam desbebê-lo, e muitas outras substancias, nem por isso todas nos fazem “muito” mal.

Quando agente vomita numa sessão de Ayahuasca, isso completa um ciclo de limpeza, que deve ser contínuo, que por vezes se materializa e o corpo expele resíduos físicos de matéria plasmada nos bloqueios de nossos campos sutis. Não vale a pena expor mais deste conhecimento aqui, porque não é seu merecimento saber como é, senhor Lázaro. Mas lhe asseguro que sabemos os motivos reais e exatos pelos quais acontece, e pra nós, quando acontece, é respeitado. Depois de determinadas etapas, vomita-se muuito pouco ou nada, durante muito tempo. Depende de cada um. A ayahuasca traz, vomitando ou não, processos constantes de purificação e reenergização.

Algumas pessoas, por terem uma certa limitação de visão, quando não compreendem nada mas acham que tem um papel a cumprir frente a sua auto-imagem de bom samaritano, atiram em todas as direções como uma metralhadora giratória (esses eufemismos), e ainda se dizem gordos de conhecimento, quando na verdade não passam de vazios de amor (esses eufemismos). Acho que também falei o português claro.

E é só o começo, pois em breve toda aquela sombra, tudo aquilo que ao não ser encarado foi jogado para o inconsciente, tudo o que não quisemos encarar a ponto de um dia nos fazer buscar atalhos conscienciais assim, vai ser encarado. O que o atalheiro pretensamente "corajoso" não se toca é que o inconsciente dos "normais" provalmente não apresenta tantas sombras - e obsessores - assim.


Sobre atalhos já me expressei anteriormente, não passa de uma falta de compreensão do que significaria um “atalho”. Quem quiser buscar um caminho espiritual legítimo por atalhos deve ler aquele ensinamento sobre a estrada estreita e a estrada larga heuheuheheu O fundador da Universidade holística aqui no distrito federal diz que um dos grandes flagelos de nossa humanidade é a “normose”, um hábito que temos de categorizar o que é normal, e acomodados, repetirmos o padrão “normal”. Quem quiser ser normal, tudo bem!

Agora quem decide explorar seus campos sutis e psíquicos não é um “atalheiro”, mas é sim, corajoso, senhor Lázaro, porque pela frente temos que enfrentar elefantes desgovernados gritando suas pretensas verdades. Talvez muitas pessoas não percebam que têm que mudar de vida e de comportamento, melhorando suas palavras, pensamentos e ações, porque são, como direi? Ah! Normais! São viciadas em dizer “Eu sou assim mesmo”, esquecendo-se de que estão aqui pra trabalhar e se polir, e não pra dormir a vida inteira na indolência de “ser assim mesmo”. Ai quando percebem que não são essa coisa boazinha que querem aparentar, entram em pânico, e tentam guardar tudinho lá na gavetinha que mencionei. O senhor pode não querer encarar o que é na totalidade, mas tem no mundo quem tenha esse peito!

Além do mais, a patologia cotidiana (em que eu mesmo me meti) após o efeito do DMT passar será maior, ainda mais se comparada com quando eu era assim com Deus. A normalidade que eu já não tinha coragem de suportar ficará mais "normal" ainda, sem as cores psicóticas dos delírios e alucinações, preço associado às parcas, digamos, "visões espirituais" legítimas que consegui com meu "atalho para a meditação" - e que ainda assim se fundiram aos onirismos e sombras resultantes de meu estado mental.

Se alguém busca a Ayahuasca porque não quer encarar a realidade deve procurar outro veículo. O Vegetal sagrado nos faz estar cada vez mais conscientes de nosso papel aqui e agora. Sabem o que estou achando? Esse alter-ego dessa personagem está me indicando que ela precisa mesmo não é de Ayahuasca, claro! Essa personagem realmente precisa de um terapeuta, de um psiquiatra, ela foi moldada pra isso! Heuheuhehu Não subestime a inteligência e a pureza de intento de todos os Ayahuasqueiros achando que pode generalizar as coisas, meu caro!

Ou seja, uma vez tendo entrado e repetido, não tenho volta. A dependência, se não for química, é psicológica e consciencial. Até os caminhos espirituais, que seriam a tábua de salvação para muitos outros drogados, neste caso parecem mais árduos. Até porque, foi por não querer percorrê-los que fui parar ali. Então, não se vê outra solução - a não ser que se deixe o inconsciente, e encare a vida com os pés no chão. Mas quem abandonará o "espiritual" justamente na hora em que estava "virando" o próprio "Deus"???

Mais uma vez informação convenientemente distorcida, pois a comissão do CONAD não averiguou a dependência insistentemente apregoada por este senhor. Mas é verdade, uma vez experimentada a Ayahuasca não tem volta mesmo, mesmo que nunca mais a tome. Pois ela ativa, mesmo que não se queira racionalmente aceitar, o entendimento de que o plano espiritual realmente existe. Existem pessoas, senhor Lázaro, que são em nossa sociedade, Juízes, escritores, atores, músicos, médicos, advogados e engenheiros, que bebem o vegetal, e não creio que eles todos estão alienados, ou deixam de cumprir com sua vida diária “tirando o pé do chão”. Procure, até para criticar, ser mais adulto. Com ou sem chá, nós possuímos uma centelha de Deus, senhor Lázaro. Talvez o que lhe falte seja um pouco mais de fé, para ressuscitar no seio da sabedoria, e ficar de pé novamente.

Vou ter que tomar mais chá de DMT, ainda que isso me deixe mal visto para muitos - o que me levará a isolar os "preconceituosos" (ainda que seus conceitos tenham sido experimentados), me fechando no mundo de minhas verdades, com as limitações conscienciais dos "céus espirituais" (sic) e seus discursos que misturam revelações astrais (algumas boas, mas muitas com teor demasiadamente místico, outras reproduzindo credos equivocados bem firmados no inconsciente coletivo), com clara estrutura dos discursos psicóticos (formação bem documentada em livros que catalogam doenças mentais, referências DSM, CID, que são conhecidos, e não tem nada de "espiritual" assim).

Lendo esse parágrafo de repente me bateu uma tristeza. Por que será que uma pessoa age dessa maneira? Fico triste pelo senhor ser tão violento, tão agressivo, a raiva é um dos maiores males de nosso tempo. Isso é sinal de infelicidade. Preconceituosos existem sim, e os mais perigosos são aqueles lobos que pensam que são os cordeiros. Se eu fosse transliterar o que o senhor diz dos ayahuasqueiros neste texto (eles até são bons, tem até gente legal, mas devem ser eliminados heuheuheu), é o mesmo que vejo em: “os negros são bons, são até legais, mas devem ser eliminados”. O princípio do preconceito é tão tênue que as vezes nem agente mesmo percebe o que fala. Não acho que o senhor seja apenas preconceituoso, mas alem disso, vil na intenção, e muito infeliz.

Revelações demasiadamente místicas? E o ponto de referência qual é? O senhor mesmo? Pois é, não estávamos mais acima falando de egão? Sei. Ao longo de todo o seu texto o senhor mesmo se mostrou limitado às suas verdades, não preciso de esforço para lhe mostrar isso, nem para provar nada, basta ler o tom com que trata a todos. Dou-lhe um conselho que li o senhor mesmo dando a uma pessoa, acostume-se com pessoas que não pensam como o senhor. Mas acrescento algo: Seja mais educado.

E assim troco, sem sequer perceber, minhas amizades espiritualistas e minhas referências de discernimento para os companheiros de "atalho consciencial". E elevo a "grande mestre xamã e padrinho" alguns oportunistas que exploram a substância, em troca de uma pseudo adoração e reconhecimento egóico e popularidade que nunca obtiveram por sua sabedoria e palavras, mas que estranhamente vem quando passam a fabritraficar o milagroso chá.


O uso da palavrinha “fabritraficar” deveria render-lhe um processo. A Ayahuasca não é ilegal senhor Lázaro, quem a produz, não trafica nada. Não vou entrar no mérito da preparação do chá, porque o senhor não sería capaz de compreender. Sim, tem pessoas despreparadas preparando a ayahuasca. E o senhor não acha que tem gente séria nesse meio procurando fortemente uma solução para isso? Como se ritos religiosos fossem consenso em qualquer lugar do mundo! Vejamos as igrejas ditas cristãs! Algumas só não se matam como fizeram na antiguidade por um progresso de livre arbítrio e discurso que nossa humanidade viveu. E a manipulação que somos expostos todos os dias por mídia,por propaganda, por imposições culturais? Isso o senhor não fala não?

Senhor Lázaro, mas será que o senhor acha mesmo que todo mundo é igual às pessoas de má índole que evidentemente o senhor deve ter conhecido no meio ayahuasqueiro para ser assim tão violento, tão desrespeitoso? Não acredito que não aja um mínimo de espírito de bom senso no senhor pra me entender, mesmo que não goste! Não acredito que um ser humano que se diz espiritualista, universalista, não se dê uma mínima chance de se rever. Encontrei em grupos de ayahuasca, amigos maravilhosos, que estão comigo há muitos anos, e fiz amigos mais verdadeiros, fora do âmbito dos trabalhos de vegetal. Se nada lhe servir como apoio, eu sou um exemplo vivo, senhor lázaro, de que a coisa não é como o senhor quer que seja pra ter razão. Suas ofensivas seriam até mais risíveis, se não víssemos sua situação através de como diz a coisas.

E estando nesse meio, sou não só normal, como inspirado espiritualmente, um claro contraste com o estado que conquistei apenas pelo meu mérito. Santo chá, dai-me chá!
E isso diminuirá minha culpa pela minha defesa - pelo menos enquanto eu estiver naquele meio, digamos, errrr... "diferente".
Não é acaso a posição esquizo-paranóide que fará ver ALI como um "céu", cindido. O que implica reconhecer na vida cotidiana externa - ou seja, tudo o que não seja seu "céu" - os infernos que buscou.
E iludido, me esqueço que o Todo precisa estar em Tudo, e que não pode haver Todo e fusão enquanto apenas um lugar é o céu; e duas ervas, meu "Deus".


Como já expressei, se alguém se sentisse assim, estaria desalinhado frente a retidão de um trabalho espiritual, seja qual for. Em qualquer religião, percebemos que quando se avança, nos desapegamos do mundo, mas o amamos profundamente. Não é paradoxo, é integral. O erro desse autor é querer fazer parecer que sua personagem , essa sim esquizóide, seja um representante legitimo que revele o que é um trabalho como esse, e não é, apenas isso. No máximo representa a pobre visão do autor sobre o que acha que é. Não acho que o lugar do meu trabalho espiritual seja “O céu”, mas toda a terra é um paraíso, onde agente encarna e tem a alegria de viver e aprender.

Mas como ali sou bem visto, e sair daquele círculo expõe minha fraqueza... E como fora dali minhas sombras me governam, mas ali até cultuam o fato de eu encontrar a elas e a delírios religiosos a cada vez que tento sair do corpo forçadamente; e como largar o DMT me rouba todo o efeito "espiritual" que eu *pensei* que era minha conquista - mas que vai embora e me deprime quando fico tempo demais sem tomar... Preciso beber outra vez.

Estou a anos bebendo ayahuasca e minhas sombras não me governam, senhor Lázaro. Não sou uma de suas personagens ridículas, sou um ser humano dando um depoimento vivo. Já passei muitos períodos sem beber a ayahuasca (conheço pessoas que passaram anos e voltaram, e outras que não voltaram, e estão muito bem), e nunca me senti mal por isso, ou com vontade mórbida de que “preciiiiso” de chá. Isso, se acontece, deve acontecer com gente talvez mais fraca do que eu, mas lhe digo, nunca vi tal coisa, nem com meus amigos.

Para se manter as conquistas que temos quando utilizamos o vegetal, precisamos ser a conquista, ser a verdade, ser o amor, ser a harmonia, e não ficar fazendo discurso, apontando apenas os defeitos dos outros. O senhor passa dos limites e incrivelmente acha que respeita alguma coisa. A mim parece que o senhor é um sincero convencido de si mesmo. Mas o mundo não cabe em seu umbigo. Acorde para a realidade de que as coisas desta terra, o senhor ainda não as pode compreender todas elas, por mais que tenha lido. Conhecimento de livro talvez o tenha deixado assim, esquecido de respeitar os outros porque na verdade não pratica o que eles continham.


E então, sem comprender como a única fusão que houve foi psíquica, e fui protagonista de um triste episódio consciencial onde eu e o chá nos tornamos um só, o jeito é dizer que um ou outro golinho - ou vomitada - não faz mal.Santo, dai-me sabedoria para viver bem AQUI.
LÁZARO FREIRE

Para finalizar só posso concordar com o senhor, o senhor precisa mesmo desenvolver sua sabedoria, pois que esta está muito raza. Gente como o senhor faz o nosso mundo ser realmente pior do que poderia.

Amigos, irmãos, leitores. Conclamo a todos a sermos razoáveis, a sermos pacientes, mas não nos calarmos frente a esse tipo de atitude. Quem fala o que quer deve saber que também, uma hora, encontra alguém a altura pra responder latidos e resmungos e bandeiras toscamente levantadas em prol da desunião, do desamor e da desavença entre irmãos.

Conclamo a todos a prosseguirem firmes em seus caminhos, avaliem de coração: O que faço tem amor? Tem uma preocupação sincera COM OS OUTROS? Tem Paz? Tem Luz? O que sai de minha boca ilumina os outros? Traz discernimento? Meu caminho espiritual me faz andar com minhas próprias pernas e pensar com minha própria cabeça? Me torna uma pessoa mais feliz, mais amável, mais amiga, mais mansa, mais disposta, mais verdadeira? Estou para alem de apenas ouvir ensinamentos e beber chá, estou de fato buscando aplicar em mim mesmo o conteúdo do ensinamento superior? Estou causando o bem? Sendo a causa da disseminação do bem? Se sim, continuem, irmãos!

Não deixem que pseudo intelectualóides desgovernados os freiem! Fiquem firmes, estudem, apresentem sua inteligência! Procurem não se envolver em disputas intermináveis, sejam discretos, mas se for realmente necessário, exponham os argumentos verdadeiros! Sejam verdadeiros! Sejam responsáveis meus irmãos! Dirigentes, sejam responsáveis! Busquem ser os legítimos representantes do caminho espiritual, pois que quem se pretende guia no caminho deve ser o exemplo do que ensina. Não é o caso de já sermos santos, de nunca errarmos, mas não vamos usar como desculpa o erro dos outros pra errar também. Podemos não ser santos, mas o caminho da espiritualidade é. Vamos buscar, de coração corresponder, no melhor que for possível.

E, por fim, mesmo que não possamos conviver ou concordar com os passos dos outros, todos estão no caminho e merecem estar aqui. Vamos nos amar! Sem breguice ou fingimento, sem se obrigar a conviver com o que não aprova, mas vamos expandir nossa visão das coisas. Vamos procurar refinar nossas próprias ações e torná-las mais puras sim, mais virtuosas. Vamos construir nessa terra o grande Jardim, pra merecer quem vem depois!!!
Com todo amor, e na expectativa de ter ativado em todos o dom do pensamento e do discernimento,
André Garcia. DF. (orix75@hotmail.com)

PS: Gastei muito tempo pra escrever este artigo, alguns dias. Peço pelo menos aos mais diretamente interessados, que o leiam todo. E aos amigos, sobretudo os que me conhecem pessoalmente, estou aberto para os comentário e encontros. Autorizo a divulgação deste texto a outros amigos que tenham interesse neste assunto, visto que o artigo que comentei está circulando a net e os meios de comunicação.
Abraços!

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